quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Meu Ídolo Meu Vizinho parte 5 e parte 6


-Mãe, cadê o Flavio?
-Ele foi pra casa, você tava demorando. Ele disse que vai voltar mais tarde.


Mais tarde? Mas quão tarde seria? Que horas? Quanta ansiedade! Ou será que é saudade? Mas fazia cerca de uma hora que eu vi ele… Saudades? Uma vez ouvi que nós só temos saudades de quem amamos… Não, eu não o amo. Quero dizer, amo, mas como ídolo. Claro.


Sentei no sofá e fiquei assistindo. Não prestei atenção então não sei que desenho passava. Meu corpo estava ali, imóvel, sentado no sofá, mas minha mente estava com o Flavio. é. Acho que vou ligar pra ele. Peguei meu celular e entrei na agenda. “Flavio” estava depois de “Fabricio”. Não. Não vou ligar. Ele vai vir daqui a pouco. É. Putz. Que demora Flavio!


-Mãe! Vou na casa do Flavio! - É, não aguento mais. - Daqui a pouco eu volto!


Não esperei ela responder. Peguei a chave, e saí. E a coragem pra bater na porta? Tantas vezes eu fui até a casa dele, e só agora senti esse frio na barriga? Temos que rever isso aí.
É, mas é agora. Bati na porta suavemente, e não demorou muito, a Dona Nilsa veio me atender.


-Oi (seunome). Quanto tempo linda! Entra por favor, o Flavio tá no quarto dele jogando video-game.
-Dona Nilsa , pode chamar ele pra mim? -Eu disse envergonhada.
-Ué. Você é praticamente da família! Sempre subiu lá em cima, sempre foi de casa! Pode subir!
-É, você tem razão. Licença.
Subi cada degrau da escada bem devagar… Como naquela madrugada… Mas dessa vez não para não fazer barulho, e sim para ter mais tempo pra pensar… Mas, sobre o quê? Me deparei com o último degrau, e subi mais devagar ainda, como se estivesse num precipício.


-(seunome)? É você? - Ouvi aquela voz que eu nunca vou esquecer, aquela doce, linda e hipnotizante voz. Ao mesmo tempo, a porta do quarto dele se abriu, e eu o vi com seu sorriso torto, passando a mão no cabelo, dois gestos dele que eu sempre amei. - Ei, (seunome), to falando contigo! (seunome) tá me ouvindo?
-An? Ah, eér, to sim Flavio.
-Ih, tá parecendo que tá hipnotizada! hahaha entra, vem.
-Hipnotizada? - Só se for por ti - hahaha para né Flavio - Dizia enquanto entrava no quarto dele.
Quando entrei, era como se tivesse um Déjà-vu. Seu quarto era perfeitamente igual ao que eu vi a um ano e pouco. Nada tinha mudado, nada. Observei parede por parede e percebi a única coisa que tinha mudado. As fotos do seu (antigo) mural. A maioria tinha sido trocada. Mas ainda havia algumas antigas, e uma, especialmente, tirou um sorriso automático do meu rosto. Era uma das fotos antigas. Eu estava ao seu lado. Quantos anos aquela foto tinha? 3, 4 anos? Saudade.
Parte 6
Saudades porque a gente sempre estava junto, sorrindo, brincando, jogando… Sempre. Eu não imaginava que ele ainda tinha essa foto.


-Ei, Flavio, você ainda tem essa foto? - Eu disse sem desviar o olhar da foto.
-Claro que tenho, ué! Você não tem mais?!
-Tenho… Mas é que, sei lá, achei que você tinha… Me esquecido - Disse olhando pra ele
-Claro que não! Tá ficando doida? Menina você faz parte da minha vida! Eu nunca iria te esquecer! Que doideira…
-awn! Que bom *-*
-Senta aí vai, vamo jogar video-game!


Nós jogamos video-game. A primeira partida eu só perdi porque não estava concentrada, continuava pensando nos velhos tempos…


-Flavio, lembra de quando a gente era criança?
-Pô, claro que lembro! - Ele disse com aquele sorriso que só ele tem.
-A gente brincava junto, assistia filme junto, era sempre livre, nunca tinha compromissos…
-É mas agora eu tenho né… Aliás, não AGORA, to de férias pô. Vamo no cinema com os meninos?
-Cinema? Com os meninos?
-É, ué.
-Como nos velhos tempos?
-Uhum.
-Tô indo me arrumar agora. - levantei, ele me puxou.
-Ah, você tá linda poxa, não precisa ir se trocar pra ir no cinema não… Sua roupa tá perfeita, sua maquiagem também, e o seu cabelo mais ainda. Agora só falta você voltar dos seus pensamentos! hahaha
-Tá bom. Vou parar um pouco de pensar nas coisas.
-As vezes eu tenho vontade de ler a sua mente…
-Ainda bem que você não tem esse poder.
Estávamos frente a frente. Ele segurava na minha cintura com as duas mãos, olhava para o meu rosto com a cabeça meio abaixada, por ser mais alto que eu. Eu estava com as mãos eu seu (perfeito)rosto, o segurando de uma forma carinhosa, como se estivesse segurando o mundo. Eu estava paralisada, não pensava em nada e apenas admirava aquele rosto digno de um deus grego. - Tá bom, assumo que tô apaixonada. Ê. que merda. Odeio paixão, já sofri muito por causa disso. Mas enquanto durava era tão bom… Acho que vou embarcar nessa. - E esse quase perfeito moicano, bagunçado apenas por ele ter encostado a cabeça na parede quando estávamos jogando, e esses olhos brilhantes que olhavam a mim como se não existisse mais nada, e esse sorriso gigante que ia saindo da sua boca conforme chegava mais perto de mim… Mais perto…


-Cuidado, você sabe que eu não resisto - Eu disse a ele tentando pará-lo, sem querer que ele pare.
-E quem disse que é pra resistir??
Droga! Ou será Que Bom? Não deu tempo de pensar. Ele me puxou com uma mão e colocou a outra na minha nuca, encostando os lábios dele nos meus de forma carinhosa, mas ansiosa, como se ele estivesse esperando por esse beijo a muito tempo. Coloquei uma das minhas mãos na cintura dele, e a outra ainda no seu rosto. Além de sentir a melhor sensação da minha vida, eu tive certeza dos meus sentimentos por ele.
Quando o beijo acabou, ambos ficamos na mesma posição, com os olhos fixados um no outro. Eu devo ter ficado com uma cara de retardada, mas ele estava como sempre, perfeito. Passou-se alguns segundos e nenhum dos dois falava. Então eu disse tentando não piscar, pra não perder nenhum mínimo movimento dele.
-Cara, acho que a gente não devia ter feito isso
-Ih, porque? Foi ruim?
-Não, claro que não, foi… maravilhoso.
-O que foi então?
-Flavio você é meu melhor amigo, sei que isso foi só um beijo, nada mais, e não vai ter nada mais. Não quero me afastar de você por causa disso, você já é tão distante de mim, viaja sempre e eu amo sua companhia…

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