Nesse Imagine a Emy Não Existe
CAPÍTULO 001
E lá estava a menina branca com cabelos lisos e pretos, digitando amarguradamente. Ouvindo suas músicas pesadas e pensando o que jovenzinhas sem noção tinham na cabeça pra ouvir Preface. Digitava em seu próprio site, feito por haters, que, assim como ela, odiavam os quatro garotos. Uma janelinha do MSN subira. Sua melhor amiga. Sorriu.
Raíssa! diz:
Minha vadia!
Leka diz:
Fala, puta.
Raíssa! diz:
Tem show das gazelas amarelas esse domingo, né?
Alguns instantes de silêncio. Raíssa riu, já sabendo o que Alessandra diria. "Porque está interessada no show das bichinhas revoltadas" — ou algo muitíssimo próximo a isso. Conhecia sua melhor amiga como conhecia a palma de sua mão. Sorriu enquanto a outra digitava.
Leka diz:
Nem vou responder.
Raíssa! diz:
Vamos, bebê! Vamos aloprar fãzinhas!
Leka diz:
Só se for camarim. Pra aloprar de verdade.
Raíssa gargalhou e respondeu que sim. Procurou na internet algumas promoções para entrar no camarim. E entrou no Twitter.
@sou1amendobobo_ Queria tanto ir no próximo show da Preface... Só a bext sabe pra quê! HAHAHA.
Logo a Raíssa se levantou e desligou o computador. Após comer um pacote de salgadinho — Só Deus sabe como aquela pequena e magrela criatura não engordava — escovou os dentes e deitou-se na cama. No dia seguinte, teria aula. Fechou os olhos, e quando estava quase adormecendo, o celular começou a tocar Vermilion — Slipknot. Praguejou a melhor amiga por mandar uma mensagem logo àquela hora. Suspirou. Sentou-se em posição de indiozinho.
Amanhã de manhã, entra no link que eu te mandei no MSN, pequena. Eu ainda não acredito na tua sorte!
Raíssa riu, deduzindo o que seria. Mesmo achando que não era possível que ela realmente houvesse ganho o concurso. Suspirou e virou-se, dormindo.
Quando o sol surgiu, Raíssa suspirou, cobrindo o rosto com o braço e suspirando. Levantou-se calmamente e se trocou, pondo a camiseta do uniforme escolar, o jeans tão surrado quanto o allstar preto, passando sua maquiagem forte e jogando a blusa do irmão mais velho por cima.
— Oi, Gui — disse, meigamente, beijando a bochecha do irmão ao descer as escadas.
— Oi, linda — respondeu o garoto, sorrindo — Não vai comer?
Negou com a cabeça, pegando apenas um pedaço de pão e comendo no caminho. Ia pra escola a pé naquela manhã, mas geralmente, pegaria ônibus. Estava com vontade de andar. Ao chegar, sorriu pra melhor amiga.
— O que foi, Alessandra?
— Raíssa. Você ganhou uma promoção!
— Vai se fuder! — gritou — Qual?
— Preface — respondeu a outra, rindo.
— Não creio. A que eu menos queria, eu ganho!
Saiu praguejando enquanto Leka ria alto. Raíssa colocou um fone de ouvido e continuou escutando as pessoas falarem. Procurou seu melhor amigo. Gustavo era o único que a entenderia naquele momento. Era mais um colaborador do HatePreface, seu site. Ao encontrar o garoto de blusa xadrez e cabelos loiros, de costas, conversando com as garotas repetentes e drogadas do terceiro ano, Raíssa saiu correndo e se jogou nas costas do menino.
— Oi, minha linda!
As garotas do terceiro ano a encaravam. Odiavam a proximidade da ruiva com o garoto. Logo o sinal bateu e Gustavo a levou nas costas até a sala, jogando-a de qualquer jeito na última carteira da parede. Tirou o Samsung Ch@t 335 do bolso, digitou discretamente o código do Wi-fi da escola, que descobrira no ano anterior, e entrou no site do concurso da Preface no qual havia se inscrito, suspirando ao ver os prêmios.
O número do celular dos Preface's, par de ingressos para os bastidores e conteúdo exclusivo deles no seu celular, apenas pondo o maldito código no aparelho, ganhando tudo grátis. Raaí riu cínica.
— Se liga, Gu — disse, mostrando o celular pra ele.
— Tá. E aí?
— Vê a ganhadora.
Gustavo olhou e soltou um berro. A professora o encarou. Gu suspirou e continuou xingando baixo.
— Pra quê? — sussurrou.
— Pra entrar no show.
— VOCÊ PIROU?
— Sr. Calaham, pra fora.
— Haha! — disse Raíssa, cínica — Vai com Deus, Guzinho.
— E a senhorita também, Martinelli.
— Vem comigo, Raaaí!
Saíram da sala e Raíssa sentou-se no chão, ao lado da mesma. Como se ela fosse pra diretoria. Mais algumas anotações e seria expulsa.
— E aí? Me conta desse concurso — ele disse, sentando ao seu lado e tirando um cigarro do bolso.
— Se você vai fumar, vamos pro telhado. Não é legal ser imprudente a esse ponto.
Ele assentiu e os dois caminharam tranquilamente pelos silenciosos corredores do segundo andar. Com a nova inspetora — dona Vera, com seus cinquenta e sete anos, cabelos brancos, 90 kg e 1.49 de altura, era uma mulher medonha, dependendo do seu ponto de vista —, ninguém ousava sair por aí sem um bom — ótimo — motivo.
— Vamos ser mortos se formos pegos.
— E quem disse que vamos ser pegos? — respondeu Gu, sorrindo.
A menina sorriu e o garoto a abraçou de lado. Subiram as escadas de emergência que davam ao último andar do prédio, e de lá, pularam ao telhado. Gustavo tirara o maço de cigarros de dentro do casaco e Raíssa se encolheu. O vento batia forte ali. Gu suspirou.
— Toma.
Sorriu e entregou-lhe a blusa. A menina sorriu, vestindo-a. Gustavo ficou fumando enquanto Raíssa ouvia músicas, esticada no telhado e os dois conversavam calmamente sobre o concurso, a vida e os namorados de ambos. Logo o sinal bateu e Raíssa gemeu.
— Não quero descer.
— E quem disse que vamos? Nem se quisesse, amor.
Ela sorriu. Ninguém a entendia tão bem quanto aquele garoto. Nem mesmo sua amada melhor amiga sabia o que ela queria sem que ela falasse, sem nem precisar de um olhar. Gustavo era tudo em sua vida. Raíssa recebeu uma mensagem no celular. Fitou o número e logo a abriu. Era a promoção. Dizia que os Preface's também receberam o número de Raíssa.
— Você só pode estar brincando comigo! Pode ser que as gazelas me liguem!
— Relaxa, pequena, não vão — ele disse, rindo — Pra que as gazelas iam te...
Mensagem. Raíssa abriu e bufou, entregando o celular na mão de Gustavo.
Hey, linda! Você é a felizarda que ganhou a promoção, certo?
É bom ter um contato próximo com fãs. Bom mesmo.
Beijos,
Gee - Preface.
Gustavo pegou o celular da mão da amiga e leu a mensagem. Entrou em crise de risos. Raíssa bufou e o empurrou. Logo suspirou.
— Ok, vou responder.
— Vai mandá-lo tomar no...
— Não! — gritou, rindo — Vou ser a pessoa mais doce do mundo.
— Você não consegue.
Raíssa o fitou ameaçadoramente e virou o rosto. Gu a abraçou e mordeu seu pescoço e bochechas, fazendo cócegas na barriga da menina, que riu e beijou o queixo do menino.
— Okay, me deixe responder agora.
OMG! Obrigada, obrigada mesmo! Cara, eu acho que nunca me senti tão feliz! Você é o meu favorito, sabia? *-*
Aiin, obrigada mesmo! Beijos,
Raíssa.
— Como vocêé falsa, menina — disse Gu, num tom de reprovação.
— Sou mesmo! Eu preciso ser. Eu sou uma atriz, ok? Eu preciso disso pro meu site, pelo bem dos meus monstrinhos.
Gu riu e a abraçou de lado. Logo os dois voltaram a conversar animadamente sobre assuntos inúteis e Gustavo tirou outro cigarro do maço. Ficaram conversando até o sinal para o intervalo, ou seja, por mais uma aula inteira. Entraram pelo terceiro andar sem serem percebidos e correram até o pátio. Raíssa rumou até a cantina e ficou pulando.
— Gu, Gu, Gu! — gritava, puxando o menino pra baixo — Eu quero um hamburgão e uma Coca!
— Dois hambúrgueres e duas cocas — disse pra tia da cantina.
A mulher assentiu, sorrindo. Raíssa sorriu de volta de maneira meiga.
— Você é um namorado tão bom pra ela...
Raíssa corou. Corou muito.
— Não! Somos..
— Irmãos — ele disse, sorrindo — Quase irmãos.
A menina sorriu e o abraçou. Saíram da cantina e foram para o gramado do pátio. Ficaram comendo e conversando até o celular da menina receber uma nova mensagem.
— Vai ler a mensagem do seu divo, vai!
— Vai à merda, Gustavo.
O garoto riu enquanto Raaí lia a mensagem. Realmente, era de Gee.
Jura, linda? Que bom! Me deixa feliz.
Que é isso, é um prazer. Você é uma fofa.
Ok, isso soou meio.. Homossexual. Sem preconceitos. Acho que posso me abrir com você. Não vai colocar num jornal que eu sou homofóbico ou coisa assim KKKK
Mas eu não sou mesmo, tá? Só não sou gay. E isso de uma fofa foi muito gay. k
Enfim. Beeijo, linda.
Raaí sorriu maliciosa e fitou o melhor amigo.
— Já estou coletando informações. Ah, como é bom o gosto da vitória.
— O que foi?
— Já está se entregando. Ele pode ser homofóbico.
— Wow.
— Pois é. Vou responder. Preciso da confiança dele.
— Precisa, sim.
KKK, ah, fica de boa. Eu não faria isso com você. Mas nem sou fofa, nem linda. Sou feia ): Lindos são vocês s2
— Meu Deus, que menina falsa! — berrou — Como pode uma coisa dessas, Raaí?
— Nem sou, pára!
Cobriu o rosto fingindo vergonha e bateu no ombro do amigo. Riu enquanto terminava de comer seu hambúrguer e se deitava na perna do garoto. Gustavo afagou seus cabelos.
— Meu capetinha.
A menina sorriu e abraçou a cintura do garoto. Sorriu e pôs o celular sobre a barriga. Gustavo terminou de comer e se deitou na grama, deitando Raaí sobre sua barriga.
Outra mensagem chegara. Raaí suspirou.
— Meu Deus. Ele não tem outras pessoas pra responder ou coisas úteis pra fazer? Pela madrugada.
— Que tipo de adolescente fala pela madrugada? Meu Deus, Raaí, sua idosa!
A menina mostrou o dedo do meio e pegou o celular, lendo a mensagem.
Deve ser linda e estar cheia de frescura pro meu lado. Conheço isso, menina, conheço!
— Esse menino tá me chamando de frescurenta, best! — ela gritou — Eu vou bater nele, mano, vou sim!
— Responde bem feio pra ele.
— Não posso — miou.
Gustavo bufou e pegou o celular, começando a escrever uma mensagem malcriada a Gee. Raíssa a apagou e começou a rir.
Frescura nada! Sou feia mesmo! E quem é você pra me chamar de frescurenta, seu branquelo metido?
Gustavo começou a rir. Rir muito e muito alto. Raíssa bufou.
— Menino abusado.
— Você chamou seu pseudo-ídolo de branquelo safado?
— Por aí. Alguma coisa assim — disse, rindo — E aí? Ele vai fazer o quê? Me bater? Se liga, Gu. Ele não vai fazer nada.
Gustavo riu. O sinal tocou e os dois voltaram pra sala. Raíssa sentou-se sobre a última carteira e Gustavo a sua frente. Mais uma mensagem.
Não me xinga, sua... Bobona! Me manda uma foto tua pra eu te ver? ^^
Bufou. Começou a bater a cabeça na mesa e depois suspirou.
— Ok. Esse garoto não tem vida.
— Quem? — perguntou Gu, jogando a cabeça pra trás.
— O Gee!
— Ninguém mandou você se envolver nesse concurso idiota.
Você não tem vida? Nada pra fazer? Só falar comigo mesmo?
E enviou. Menos de dois minutos depois, o garoto respondeu.
Não!
— Eu não mereço isso! — resmungou, jogando a cabeça pra trás e a batendo na parede. Era um dos motivos de a menina se sentar no canto da sala — Ele realmente não tem nada pra fazer, Gugs!
— Tomou na sua tarraqueta também, né. Ninguém mandou entrar no concurso, ganhar e tirar a vaga que uma fã que realmente goste dos caras.
— Vai à merda com as suas liçõezinhas de moral, vai.
Gustavo começou a rir e levou um pescotapa da menina, que bufou e abaixou a cabeça para o celular.
Mas é um vagal mesmo! Ganha dinheiro, fãs e fama como, hein? Você não tem passagens de som, ensaios, encontros de fãs... Mais nada? Vai trabalhar, vagabundo!
— Raaaaí... — resmungou Gustavo — Você chamou seu ídolo de vagabundo duas vezes?
— Na mesma mensagem. Ninguém manda ele ser chato.
— Credo. Como você se aguenta?
— Do mesmo jeito que você me aguenta há tantos anos, fofinho.
Ela riu e o garoto fez o mesmo. O sinal bateu e houve a troca de aulas. Agora seria uma vaga, já que a professora da última aula não iria querer adiantar. Amanda suspirou enquanto o bolso vibrava novamente.
Eu não sou vagal! Eu trabalho muito, ok? Só agora que não. E me manda logo a porcaria da foto?
— Ah, além de vagal é folgado! — gritou, guardando o celular.
— Você tá começando a gostar dele, pequena... — disse Gu, rindo.
— De quem? Do Gee? Nunca! — disse, ofendida — Credo. Cruzes. Nojinho.
Raíssa bufou e mandou uma foto dela pra Gee, sem mensagem alguma. Continuou conversando alegremente com o melhor amigo e prometeu a ele — e a si mesma — que não responderia mais mensagem alguma. Ficaram algum tempo conversando até que o celular tocou. Nem olhara o número e atendeu.
— Alô, quem perturba? — disse, num tom alegre.
— Sua voz é muito fofa, mano.
Gee. Raíssa riu baixo.
— Obrigada, vagal.
— Hey! Eu não sou vagal. Eu to com alguns minutos livres, ok? E você é muito linda, velho.
— Nem sou. Sou um tribufu.
Começaram a conversar. Raaí deitou-se sobre a carteira e ficou falando com o garoto por algum tempo.
— Ei, você está em aula, mocinha?
— Vaga, vagal.
— Pára de me chamar de vagal, Raíssa!
Ela riu baixinho e ele riu junto. Gustavo rolou os olhos.
— Desliga essa merda antes que eu desligue por você — sussurrou mortalmente.
Raaí riu e assentiu. Pegou o celular.
— Ok, eu vou desligar, vagal. Meu best tá meio emputecido com você. Beijos
— Deixei seu best com ciuminho! — gritou, rindo alto.
— Vai à merda.
Riu e desligou na cara de Gee, abraçando Gu pelos ombros.
— Eu não vou te trocar pelo traste, meu amor! — miou Raaí, mordendo a orelha do amigo.
— Não, liga pro seu ídolo, liga!
Ela riu e abaixou a cabeça, fingindo choro. Gu virou e afagou os cabelos da amiga. Raaí levantou a cabeça e mordeu a mão do amigo, fazendo bico.
— É, seu feio! Agora vem fazer carinho? Não quero!
Gu apenas riu, beijando o nariz da amiga. Raíssa bufou.
— Eu te amo, seu ciumento!
Os dois ficaram conversando e trocando carinhos até a hora da saída. Foram embora juntos e Raíssa preparou o almoço para os dois. Depois, Gustavo foi pra casa e Raíssa entrara na internet.
Ao entrar no msn, deparara-se com o convite de Geovanni para adicioná-la. Aceitou. Bufou ao ver o garoto online e a janela subindo para conversar com ela.
@GeePreface diz:
PEQUENAAAAA!
Raíssa! diz:
Fala, chato.
@GeePreface diz:
Chato não. Você magoa meu coraçãozinho assim, amor. Eu te adicionei no meu msn pessoal, cara! Eu poderia muito bem te adicionar no que eu adiciono os fãs, e nem falar com você. Mas NÃÃÃO, eu realmente gostei de você.
Raíssa! diz:
Hm, é mesmo? Que bom, hein. Que maravilha. Problema seu. Vou te bloquear.
@GePreface diz:
Raíssa!
Raíssa! diz:
Diga, gatinho!
Amanda começara a rir. Porque diabos ela conversava daquele jeito com Geovanni, o baixista da banda que ela mais odiava do mundo, e parecia tão natural, ela também não sabia. Tomou um gole de sua Coca e continuou olhando pra tela. Geovanni estava o quê? Escrevendo uma novela? Compondo uma música pra ela?
@GePreface diz:
Olha só! Primeiro ela me chama de chato! Daí fala que vai me bloquear! Depois me chama de gatinho. Quer chamar minha atenção, é, neném? Tá conseguindo, criatura. Eu to mexido com você. Mesmo. O que não é bom. Não pra mim. Porque se eu me apaixonar por uma fã, o Leo me mata, sabia? Você quer que eu morra, quer? Dá pra parar de ser linda, fazendo favor, Raíssa?
Ela sorriu. Aquilo foi realmente fofo. Suspirou.
Raíssa! diz:
Own, isso foi fofo, Gee! Realmente fofo. Own, que meigo, você arriscando seu coro por mim! Own, ok, não vou mais te bloquear, gatinho!
@GePreface diz:
Oh, muito obrigado. Isso realmente me animou, velho, de verdade. Sua linda. Eu te amo.
Raíssa! diz:
Own, que lindo. Também te amo.
@GePreface diz:
Se me ama faz um coraçãozinho na webcam pra mim agora.
Ela bufou. Criança - pensou, suspirando. Ligou a webcam, sorriu e fez um coraçãozinho pra Gee. Logo, o garoto abriu um enorme sorriso a ela, fazendo outro coração. Raíssa percebera que ele estava sem camisa e começou a rir. Ligou o microfone.
— Vista alguma coisa, seu pervertido! — disse, num tom de voz ofendido.
Depois de algum tempo, Gee ligara seu microfone também, e Raaí pôde ouvir sua risada.
— Não, porque eu estou te seduzindo.
Gee mordeu o lábio e acariciou os mamilos, fazendo Raíssa tapar os olhos e depois bater a cabeça no teclado várias vezes seguidas, fazendo o loiro rir.
— Assim você se machuca, bebê.
— Vai à merda, Geovanni.
— Donzelas não falam assim.
— Caras do século XXI não falam 'donzelas'.
— Quer que eu fale como? Uma mina de responsa não fala assim comigo?
— Se você for o dono do morro carioca, fala como quiser.
— Isso depende.
— Eu não vou ser sua... Primeira dama. Ou seja lá qual for o termo.
— Droga.
Ela começou a rir e se ajeitou na cadeira. Fitou a imagem na webcam e fez careta. Limpou debaixo dos olhos e fez beicinho.
— To feia — resmungou, ajeitando o cabelo — Acabei de chegar da escola, minha maquiagem borrou e meu cabelo tá um cu.
— Eu acordei e nem lavei o rosto, menina. Pára de reclamar da sua face, porque aposto que você é linda de qualquer jeito.
— E você é o divo de milhões de adolescentes — disse, rolando os olhos. Então viu o que disse. Agora era tarde.
— E o seu — disse, rindo.
— Mentira.
— É? E entrou na promoção por quê?
— Flavio, meu filho, Flavio.
— Ah, vai se fuder então. Quer falar com ele?
Raíssa riu. Riu alto. Sorriu e fez outro biquinho. Gee estava com ciúme? Era isso mesmo? O baixista da banda que ela mais odiava no mundo, que agora era seu amiguinho íntimo, estava com ciúme dela?
— Tá com ciúme, bebêzinho?
— De quem? Você?
— Ou isso ou o Flavio é algo como sua vadia, que só você pode falar. Não creio que haja algo assim, então...
Gee corou. Bufou e desligou a webcam. Raíssa ligou de novo e ele acabou aceitando. Estava vermelho. Como a webcam do garoto era realmente muito boa, era possível vê-lo perfeitamente. Raíssa riu e fez beicinho.
— Que menino fofo! Tá com ciuminho mesmo!
— Nem to!
E corou mais. Raíssa murmurou um 'Awn' exagerado e riu. Gee bufou.
— Talvez um pouco — bufou o menino — Só um pouquinho. Você é minha, caramba!
— Como assim eu sou tua? — perguntou, pondo as mãos na cintura — Onde tá escrito Geovanni em mim?
— Diz onde tu moras que eu vou escrever agora mesmo.
— Besta.
— Escreve? — pediu, fazendo beicinho.
— Não — disse, rolando os olhos — Não mesmo, Gee.
— Sua feia! Má! Sua... Fedida!
— Puxa, isso me ofendeu mesmo — disse, rindo alto.
Bufou e fez biquinho. Os dois continuaram a conversar por umas duas horas. Até surgir Fabricio André de algum outro cômodo da casa. Raíssa estava em uma crise de risos com algum comentário estúpido de Gee, já este ria, menos descontroladamente, encostado, girando na cadeira de escritório. Fabricio os encarou assustado.
— Mas que cachaça é essa, Gee? — perguntou, fazendo o garoto virar a cadeira pra encará-lo.
— Oi, gordo! — gritou — É a Raíssa, quer falar com a Raíssa?
— Que diabo é Raíssa?
— A menina da promoção.
— Porque você está semi-nu na frente da menina da promoção?
— É o que eu to tentando descobrir desde o 12h40, a hora em que eu liguei a webcam! — ela gritou no microfone.
FaaaH riu. A garota era bonita. Fitou-a na webcam, sorrindo docemente e depois olhou pra Geovanni.
— Porque tá falando semi-nu com ela há... — fitou o relógio — Quase seis horas?
— Porque ela é perfeita! — gritou no microfone.
— Não me deixa surda, Gee! — miou, massageando os ouvidos.
— Desculpa, bebê.
— Não era essa a questão. Tudo bem ela ser perfeita, você ter ficado com a sua bunda sentada aí desde o meio dia e antes ter ficado com o celular, zanzando de um lado pro outro que nem uma barata tonta e batendo com a sua testa de navio nas paredes... Isso realmente não me importa. Mas não dava pra vestir uma camisa?
— Apoiado! — gritou Raíssa.
— Porque eu estou seduzindo a Raíssa!
— Não está não, seu branquelo — disse, bufando.
Gee a fitou, boquiaberto. Raíssa gargalhou juntamente com FaaaH, que caíra na cama pra rir. Depois que Raíssa se recompôs, sorriu, escreveu um pequeno G na mão e fez um coração, de modo que o G ficasse na frente. Gee bufou.
— Isso não vai me cativar, larápia fedida. Safada sem vergonha. Tava toda meiga comigo até o outro ali aparecer.
— Ah, a culpa agora é minha! — gritou Fabricio.
— Eu já disse que prefiro o Flavio — disse a menina, bufando.
— EI! — gritaram os dois, em uníssono.
— Come o Flavio então, Raíssa! — disse Gee, bufando.
— Own, que menino ciumento, por Deus! — disse, rindo — Eu te amo, tá, Geezinho? — disse, meiga, curvando-se sobre a webcam.
— Ama nada! Ama o Flavio.
— Também — disse, rindo — Amo os dois.
— E EU? — gritou FaaaH.
— Que é isso? Porque quer saber? — perguntou Gee, batendo nele.
— Não bate no menino, tadinho dele — disse a menina.
— Bato sim! Tá se engraçando pro lado do meu neném! Você é só minha, Raíssa, aceite.
— Nem sou. Sou do meu Gustavo.
— É nada, é minha!
— Não quero falar com você. FAAAHZINHO!
— Diga, meu anjo!
— Te amo!
FaaaH fez um coraçãozinho e abriu um sorriso largo. Raíssa sorriu e vez o mesmo, mandando beijinhos. Ajeitou o G da mão, transformando-o num F. Geovanni a fitou.
— Como assim? Tá me trocando, ingrata? Ah, Raíssa, não faz isso comigo, mano! Sério. Eu tenho crises de ciúme, e eu já perdi a conta das vezes que eu tive por você. Só hoje. Sem nem te conhecer direito. É foda isso, sabe, não é normal pra mim — admitiu Gee, suspirando.
— Own, seu lindo, me perdoa. Parei agora. mas eu amo o FaaaHzinho mesmo. E o Flavio. E o Léo. Mas eu te amo mais, que tal?
— Melhor — disse, sorrindo — Melhor.
— Own, que bom. Fica feliz assim, bebê?
— Fico.
Raíssa riu. Mais algumas horas se passaram e quando a ruiva olhou pro relógio já eram quase 20h00. Arreglou os orbes e suspirou.
— Vocês são muito vagabundos, velho — disse, num suspiro — Não fazem nada da vida, não?
— Hoje estamos de folga, tá legal? E amanhã de manhã também. À tarde a gente tá ocupado. Mas pode ter certeza que amanhã é seu dia de receber mensagens de texto dos seus ídolos lindos — disse FaaaH, fazendo coraçãozinho.
— Own, que meigos, que meigos — disse, rindo — Não vão me buscar na porta da escola também?
— Não, isso não dá. Temos medo de algumas fãs. Elas mordem — disse Gee, com feições assustadas.
— E acham que eu não?
A menina sorriu de maneira maliciosa e Geovanni retribuiu o sorriso da mesma maneira, fazendo FaaaH bufar, virando o rosto e enfiando o dedo na garganta, simulando vômito. Raíssa riu.
— É, você eu não ia me importar não, amor — disse Gee, rindo — Eu devolvo se você me morder.
— É? Vamos ver então. O show é domingo, bebê, hoje já é sexta. E nem pensem que eu vou acordar cedo amanhã pra responder mensagens de texto de vocês, babacas.
— Do Flavio eu tenho certeza que você responderia... — resmungou Gee.
— Pára de viadagem, Geovanni! — gritaram Raaí e FaaaH em uníssono.
— Eu vou sair, bebês — disse Raaí, rindo — Eu tenho mais o que fazer da minha vida, sabem, tipo... Comer, lição, ouvir McFly...
— Você tá trocando a gente por McFly?! — gritaram em uníssono.
— FaaaH, meu amor, eu ouvi tua voz por muitas horas pra ter pique de ouvir qualquer música da Preface, okay?
— Chata — resmungou.
— Eu também amo você — disse, sorrindo e fazendo coraçãozinho.
— Você volta? — perguntou Geovanni.
Ela assentiu, mandando beijinhos e corações e desligando a webcam. Assim que saíra do msn, recebeu uma mensagem. Número desconhecido.
Adivinha quem ééé! Chatinha! Menina da voz esganiçada! Amorzinho do Gee!
Começara a rir. Como Fabricio André era criança!
Oh, é o Papa Bento XVI!
Riu e desligou o celular. Ela estava realmente gostando da relação que estava tendo com os garotos. Podia não gostar deles como banda, e sabia que teria que dispensá-los lindamente no final. Mas estava gostando do que vivia agora. Era algo novo pra ela, envolver-se profundamente com dois garotos que acabara de conhecer. Sendo eles famosos ou não.
— Raíssa! Abre a porta! — gritava alguém da porta.
A menina desceu correndo e abrira a porta à melhor amiga. Sorriu pra sua linda melhor amiga que a encarou.
— Que demora foi essa? Sua doida varrida. Eu poderia ser atacada.
— Sossega. Senta aí que eu vou preparar seu miojo.
— E quem disse que eu vou comer...
— Miih, eu estava lidando com duas crianças na webcam por quase oito horas. Eu os fiz comer, os fiz se vestir e os fiz lavar louça, não me faça provar dos meus poderes de persuasão de verdade, ok? Ok!
A menina encarou-a e Amanda foi até a cozinha. Preparou os miojos e entregou um prato à melhor amiga, que ligara a TV e assistia com gosto a um clipe do Panic! At The Disco. Comeu com tanto gosto quanto assistia.
— Isso é bom.
— É miojo, não tem como ser ruim — disse, rindo.
— Agora me conta, pequena: de quem você tava cuidando?
— Longa história.
Riu e levantou-se. Ficaram assistindo TV e, depois de algum tempo, dormiram. No dia seguinte, Raíssa acordara com as mensagens de FaaaH, que mandava uma a cada dez segundos. Levantou-se na cama e pegou o celular, fitando o relógio. Sete e quarenta da manhã.
Bom dia! Bom dia! Bom dia meu anjinho! Como acordou? Há um belo sorriso no seu rosto? Você não voltou, sabia? A gente ficou esperando. Até o Flavio, sabe. Enfim. BOM DIA!
Ela bufou, sem acreditar naquilo.
Seu viado! Você me acordou! Num sábado! Sete e quarenta da manhã? Cacete. Eu vou vender meu ingresso pros bastidores. Sério. Não quero mais. Se eu aparecer eu vou matar vocês!
Levantou-se colocando o celular pra vibrar e foi até o banheiro, fazendo sua higiene. Arrumou o café da manhã, sabendo que os dois não a deixariam dormir. Deu um pulinho quando recebera outra mensagem.
Ah, mas você ama a gente, mano!
Ela riu. Desligara e não respondera. Não iria perder a paciência com FaaaH nem Gee, nem ninguém agora. Tomou seu café puro e sorriu. Raíssa aquilo. Já que estava se recuperando depois de algumas crises de abstinência por álcool, aquilo era o mais próximo que ela sentia de prazer. Sim, Raíssa tinha problemas com álcool. Ela e Gustavo se davam tão bem por aquilo. Quando estavam na abstinência — ela de seu whisky e tequila e ele de seus cigarros —, permaneciam juntos.
O celular tocou de novo. Bufou e atendeu. Agora, estavam ligando também! A perseguição estava aumentando. Daqui a pouco bateriam em sua porta. Suspirou, bebendo mais um gole de café antes de falar alguma coisa.
— Fala, criatura, fala! — ela disse, bufando e bebendo mais café.
— Oi!
— Fabricio André Rohr, você me ligou pra isso?
— Basicamente — ele disse, rindo — Entra no msn, Raíssa! Eu quero ver como você é sem maquiagem.
— Não!
E ia desligar, mas o garoto começou a berrar por favor sem parar. Acabou cedendo. Ligou o computador e lá estavam três convites, com os nomes dos garotos. Aceitou-os e logo FaaaH abriu uma janela, vindo falar com ela. Ligou a webcam e Raíssa o encarou. Estavam os quatro em posição de indiozinho e Gee sorriu.
— Oi, minha linda! — ele berrou.
— Sua linda? — ela perguntou, bufando — Oi, Geovanni — disse, rindo.
— Minha, sim! Muito minha.
— FLAVIO! — ela gritou, pulando e batendo palmas.
— Oi, linda — ele disse, sorrindo meigamente.
Gee o encarou e o empurrou. Amanda o encarou. O menino fez beicinho e Raaí riu.
— Ok, eu não sei o que todos vocês estão fazendo aí reunidinhos a essa hora, falando comigo.
— Porque você é nossa linda! — gritou FaaaH, fazendo coraçãozinho.
— Os mesmos vagais de sempre — disse, suspirando — Inúteis.
— Não somos vagais — disse Léo, fazendo bico — Menina abusada. Que espécie de fã é você? Xingando a gente de vagal! Ora, cadê o respeito? Não se fazem fãs como antigamente. Vou reclamar no Procom!
— Quer o quê? Que troquem o produto? To falando, vou vender meu ingresso e renunciar meus bens pra outra fã, uma fã mais legal!
— Ok! Pega uma mais gostosa também! — gritou Geovanni.
— Devia pegar mesmo — disse, piscando — E uma que tenha você como favorito.
— NA CARA! — gritou Léo, em pé no sofá — Se lascou hein, Gee! Perdeu, perdeu!
— O favorito dela é o Flavio — ele disse, com cara de nojo.
Raaí riu assentindo e fez coraçãozinho, mandando beijos à Flavio, que riu e mandou beijinho pra ela. Gee o empurrou.
— Tá se engraçando pra minha menina, kiko?!
— To! To sim! Ela gosta mais de mim! — disse, rindo.
Gee o encarou e Raíssa começou a rir. Miih surgiu atrás dela e Raíssa a fitou pela webcam. Virou-se pra encará-la. Gee e FaaaH sorriram.
— Oi, amiguinha!
— Ãhm... Ois! — disse Miih.
Raíssa levantou-se e a puxou pra outro cômodo. Michele começou a gritar com ela sobre o que a garota estava fazendo, lidando com os garotos que ela dizia odiar tanto. Raíssa colocou a mão sobre o ombro da amiga.
— O plano.
— Não acredito.
— Isso já não é problema meu. Vou voltar pra minha atuação digna de um Oscar.
Raíssa sabia que estava mentindo. Que mentia até pra si mesma. Bem lá no fundo, sentia isso. Estava começando a gostar de verdade dos quatro. Não como banda, mas como pessoas. Sentou-se na cadeira e arrumou os cabelos.
— Você fica tão meiga sem maquiagem! — disse Gee, sorrindo.
— Own, obrigada — disse, rindo — Odeio ficar sem maquiagem. Mas tá tudo certo. Você tá tão bonitinho com cara de sono, Gee!
— Aposto que o Flavio tá mais.
Os outros garotos já haviam ido embora. Só estava Gee, com feições enciumadas que faziam Raíssa rir. Ela fez beicinho.
— Que bonitinho, Geovanni, você tá com ciúmes! Que fofo!
— Não to com ciúme! — disse, corando;
— Eu acho muito meigo...
Ele corou mais e a encarou. Ela riu e mandou beijinho. Léo apareceu sem camisa na porta do quarto de Gee, encarando o branquelo.
— Bora, garoto.
— Não fique semi-nu na câmera! — gritou, colocando as mãos na cintura.
— UÉ! Você não tava ontem? — berrou FaaaH.
Raaí riu alto, assentindo. Gee deu os ombros e Léo apareceu mais perto da webcam, piscando e mandando beijinho pra Raíssa, que riu e mandou outro. Prendeu os cabelos num coque bagunçado.
— Me seduziu agora, Tudo Eras! — gritou, rindo.
— Ah, pelo amor de Deus — bufou Gee.
— Estou seduzindo a sua mina, estou seduzindo a sua mina! — gritou Léo, sambando — Mas se bem que o favorito dela era o Flavio, né...
— Vai começar — disse Gee, se alterando.
Raíssa riu mais alto e se ajeitou na cadeira. Gee saiu e foi se vestir. Ela podia vê-lo tirando a camisa e depois a calça do pijama.
— Amei a boxer, Gee.
— Ah, merda! — gritou, rindo — Desculpa.
— Está tentando me seduzir ficando nu na minha frente?
Ele começou a rir, assentindo. Começou a sambar enquanto se vestia na frente da webcam e Raíssa bufou, fazendo-se de ofendida.
— Seu impuro! — gritou a menina — Vai se trocar em outro lugar!
— Não!
E continuou se trocando. Pegara duas camisetas e colocou na frente de Raíssa, com uma feição de interrogação. Colocou uma em frente a outra.
— Qual eu ponho, Raaí?
— Hmm.. A roxa. Eu amo roxo.
— Ótimo. Obrigado, linda.
E mandou beijo. Vestiu a camisa e se levantou.
— A gente tem que ir agora, bebê.
— Nós te amamos — disse Flavio, sorrindo.
— Não se envolve, kiko! — gritou Gee.
— Eu também — ela disse, rindo — Seus lindos. Vão com Deus e trabalhem direitinho. Os garotos fizeram continência e Raíssa riu mais. Os meninos desligaram o computador e Raíssa fez o mesmo. Fitou o relógio e já daria 12h00. Tinha ficado mais cinco horas a falar com os quatro. Suspirou e levantou-se. Caminhou até a cozinha e Michele fazia o almoço. Abraçou a melhor amiga por trás e beijou a bochecha da menina.
— O que foi, sua morena traíra? — disse Michele, afagando os braços da pequena, quase 20 cm menor que ela, que a abraçava.
— Nada. Eu te amo, tá?
— O que você tem, criatura?
— Nada. Você tá assim comigo por causa dos garotos. E eu só to falando com eles por causa do HatePreface — disse, de beicinho.
— Então vai lá postar agora.
— Vou, sim!
Sentia-se um pouco desconfortável falando mal dos garotos que foram tão gentis com ela. Mas era preciso. Suspirou, entrando no site.
Vou me adentrar nos bastidores do show das gazelas, pessoal. Eu consegui. Trago informações quentes logo menos!
E saiu. Entrou no MSN e viu Gee online. Estranhou.
@GeePreface {não chama!} diz:
Oi!
RaíssaMartinelli ! diz:
Mas que diabo tu tá fazendo aí, vagal?
@GePreface {não chama!} diz:
Entrei pra falar com você, mal agradecida!
RaíssaMartinelli ! diz:
Sai do computador e me manda mensagem de texto que é mais discreto, vagal!
@GePreface diz:
Tem razão!
Gee saiu e Raíssa bufou. Criatura estúpida — pensou ela. O celular tocara Deportivo — 1000 moi-même, sua banda francesa favorita e ela bufou novamente. Ele estava mesmo mandando mensagens. Miih subiu pra ver que barulho era aquele. Deportivo não é o tipo de banda que agrada a todos, se querem saber.
— Você e sua bandinha estranha.
— É muito bom, ok? E você, va te faire foutre!
— Raíssa, você acabou de me xingar em francês?
— Não, eu te mandei pra um lugar em francês. Fils de Pute! — gritou, assustando a amiga por alterar o tom de voz de repente — Agora sim, eu te xinguei.
— Putain!
— O mais comum, Michele, que vergonha!
Michele bufou e saiu correndo atrás da pequena morena, que corria tanto quanto podia e trancou-se no banheiro, com o celular em mãos. Abriu a mensagem de Gee.
To num evento cheio de fãs. De verdade. Que me têm como favorito.
Raíssa riu. Lá ia começar o ciúme de novo.
Hm. E o Flavio, tá bem?
E começou a rir. Guardou o celular no bolso e abriu a porta. Miih a deu um tapa e Raíssa simplesmente bufou, revidando e saindo pela porta da frente. Michele ficou com cara de perdida por algum tempo e depois foi atrás dela. Corria pra alcançá-la, já que Raíssa mantinha passos ritmadamente rápidos até a casa de Gustavo.
— Vai ver o seu amiguinho?
— Vou, Michele, vou sim. Porque quem sai pra comprar roupa comigo porque tem paciência pra isso é o Gus.
— Ah, claro. Porque seu melhor amigo é um...
— Se for pra ofender o meu bebê, vai pra casa.
Michele deu as costas e saiu. Raíssa batera na porta da Gustavo, que abriu sem camisa — apenas de boxer — e com feições sonolentas. Raaí riu.
— Tava dormindo até agora, vagal?
— Pára de chamar todo mundo de vagal, criatura — disse, puxando-a pra dentro e batendo a porta — Eu não sou vagal. Eu tenho sono, ok? Enfim. O que foi?
— Vamos comprar roupas, Gugs?
— Não acredito que você me acordou às... — fitou o relógio — Onze e meia da madrugada de um sábado pra sair com você pra comprar roupa?
— Isso foi um não?
— Eu vou — disse, dando os ombros — Vou vestir uma camisa.
— E uma calça.
— Isso.
Raaí riu enquanto via Gustavo cambalear até o banheiro pra tomar seu banho. Meia hora depois, enquanto Raaí ajeitava seu lápis de olho, ele saiu do banheiro, vestido, com o cabelo impecável e seu inseparável RayBan preto. Raaí riu e entrelaçou o braço no do loiro, indo até o shopping, a duas quadras de distância da casa do garoto. Ao chegarem, compraram várias peças de roupa pra Raíssa ir ao show no dia seguinte. A calça preta, os tênis e uma camiseta de I Love Flavio Fontoura, pra que pudesse irritar mais a Gee. Era um hobby.
— I Love Flavio Fontoura, Raíssa? Qual deles é o Flavio?
— É o bochechudo.
— Qual deles é o bochechudo?
— Adivinha!
— O que tem bochechas grandes? — perguntou ironicamente.
— Vai à merda, Gustavo.
Depois, foram pra casa da menina e passaram a noite inteira assistindo a filmes, desconectados de celulares, redes sociais e computadores. Uma noite só pros dois como não tinham há tempos. Era tudo o que Raíssa precisava antes da grande estreia. Amanhã bem cedo iriam buscá-la em sua casa, pra que passasse o dia inteiro na companhia de seus supostos ídolos, que provavelmente estavam tão ansiosos quanto — já que Raíssa, apesar de não admitir, estava sim ansiosa — ou então até mais ansiosos do que ela pra isso.
Fim Capitulo 001
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